Apesar de ser um hábito comum na sociedade, muitas vezes tido como inofensivo, o consumo exagerado de álcool pode trazer bem mais riscos que uma simples ressaca no dia seguinte.
É o que apontam dados atuais de pesquisas que relacionam o consumo de álcool ao aumento do risco e da incidência de vários tipos de câncer.
Neste artigo, baseado em dados trazidos no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia (ESMO) 2023, você vai conhecer a preocupante relação entre álcool e câncer, como está o consumo hoje e saber se é possível consumir bebidas alcoólicas sem se pôr em risco.
Boa leitura!
Como está o consumo atual de bebidas alcoólicas?
Não é segredo que o consumo de bebidas alcoólicas têm se tornado algo cada vez mais normalizado e até incentivado na sociedade, inclusive por pessoas cada vez mais jovens. É o que mostram dados do IBGE.
O que nem todos sabem é que os riscos desse comportamento vão além do mal-estar no dia seguinte ou mesmo dos riscos para o fígado.
Segundo os dados trazidos pela Dra. Isabelle Soerjomataram, da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC), da França, no Congresso de 2023 da Sociedade Europeia e Oncologia, os números relativos ao consumo de álcool impressionam:
- Quase metade (46%) da população mundial consome álcool.
- Cerca de 54% dos homens bebem regularmente, contra 38% das mulheres.
- Globalmente, em média, a quantidade chega a cerca de seis litros de etanol puro por ano, por indivíduo que consome bebidas alcoólicas, ou cerca de uma garrafa de vinho por semana.
- Na França, as pessoas consomem cerca de 12 litros por ano ou cerca de duas garrafas de vinho por semana.
Já aqui no Brasil, segundo levantamento do Centro de Informações sobre Saúde do Álcool (CISA), 27% dos brasileiros têm um consumo moderado de álcool, e 17%, abusivo. Daqueles com consumo abusivo, 75% acreditam ser consumidores moderados. Segundo os pesquisadores, isso se dá pelo desconhecimento das pessoas sobre o que é consumo moderado ou abusivo.
Para o CISA, um consumo moderado equivale a no máximo duas doses para homens e uma dose para mulheres por dia. Acima disso, é considerado consumo abusivo.
A referência considerada de dose padrão no Brasil é compatível com 14g de álcool puro, ou 350 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 45 ml de destilado (vodca, uísque, cachaça, gin ou tequila).
A preocupante relação entre álcool e câncer
De acordo com os dados trazidos no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas (acima de 60 g/dia ou cerca de seis doses diárias) responde por quase metade (47%) dos casos de câncer relacionados ao álcool.
Já o consumo de risco (entre 20 g/dia e 60 g/dia) é responsável por quase um terço (29%) dos casos, enquanto o consumo moderado é responsável por cerca de 14% dos casos de câncer atribuíveis ao consumo de bebidas alcoólicas.
Em todo o mundo, em 2020, o hábito de beber respondeu por 4% de todos os tumores diagnosticados. Parece pouco, mas apenas no Reino Unido, isso causou quase 17.000 casos de câncer em 2020.
E engana-se quem pensa que os riscos de câncer relacionados ao álcool são apenas para o fígado. Dos casos de câncer relacionados ao consumo de álcool, o câncer de mama respondeu por um em cada quatro desses novos casos.
E outros tipos de tumores, como de câncer da cavidade oral, faríngeo, laríngeo, esofágico, colorretal e do próprio fígado também são relacionados ao consumo de álcool, e há indícios de que o câncer de estômago e de pâncreas também.
É possível beber sem aumentar esse risco?
Infelizmente não há uma quantidade segura de consumo de álcool, até a qual não haveria riscos. Inclusive porque cada organismo metaboliza o álcool de uma forma e sofre as consequências em intensidades diferentes.
No entanto, existe uma relação direta entre a quantidade consumida e o risco de câncer. Sendo assim, consumir bebidas alcoólicas em quantidades moderadas a baixas, e em frequência também reduzida, tende a trazer menos riscos.
Uma dica importante é ter o hábito de consumir água quando estiver bebendo, já que isso aumenta a frequência urinária e consequentemente a eliminação mais rápida do álcool pelo organismo. Além disso, essa prática também reduz a possibilidade de mal-estares e desconfortos.